Nota: este texto foi escrito em 2008 utilizando mais a palavra vegetariano do que vegano, mas já subentendendo o veganismo, porque esta palavra era mais difundida e conhecida. Como o próprio texto vaticina, há um crescimento, uma adesão acelerada ao veganismo, e resolvi mudar o título do blog. Reforço e digo que há mesmo uma revolução cultural, mais do que uma mera mudança de paradigmas, envolvida nesta expansão do veganismo. De lá para cá escrevi outros textos que se encontram em um blog único que se chama VEGANEIOS.
De lá para cá foram tantas provas da mudança cultural e tão envolvida com esta causa que não tenho conseguido mais atualizar aqui estes links, por isto indico o blog acima. Hoje dia 23/12/2015 modifiquei o nome do blog, muito mais rápido que imaginava há 7 anos !
SEUS NETOS SERÃO VEGANOS !
Não adianta nos criticar, porque seus netos serão veganos!
Hoje você nos critica, fala em leis da natureza que não se aplicam a todos os humanos, esquece até que somos todos animais, para se colocar além da natureza e acima de todos os outros seres.
Hoje você faz vista grossa à crueldade que existe em todo e qualquer consumo de produtos de origem animal; você parece ignorar que mesmo no confinamento de animais utilizados para consumo humano há violência, porque rouba do animal a liberdade, justo você que tanto valoriza e usa a palavra liberdade para garantir seus direitos. E na maioria das vezes este confinamento não implica somente privação de liberdade, mas muito sofrimento e maus tratos que advêm do tratamento reservado ao animal que servirá de consumo humano. Você até acredita em sistemas filosóficos complexos para justificar esta dominação do homem sobre a natureza; e você concorda com estas crenças que advogam a favor desta dominação.
Tudo bem, você ainda pode justificar sua posição nos pequenos grupos tradicionalistas dos quais faz parte, mas você está percebendo que não dá mais para achar normal maus tratos a animais. Hoje espancar um cachorro pode dar prisão e com certeza é assunto na mídia e motivo de desgraça pública. Você também já está percebendo que há a sua volta outras pessoas que pensam diferente, que têm uma vida diferente da sua que é cercada de objetos e situações que envolvem a exploração e sofrimento de animais.Você já deve ter percebido que há outras pessoas sérias que se importam com o sofrimento e exploração animal.
Você deve ter colegas, parentes, conhecidos que são vegetarianos e há uns 10 anos atrás você até podia falar abertamente de suas filosofias ultrapassadas ao debater sem conhecimento sobre a saúde dos vegetarianos que na realidade parecem mais jovens do que você. Você pode até continuar ignorando povos saudáveis que são vegetarianos há muitas gerações e mais saudáveis do que seus contemporâneos ocidentais onívoros a quem você chama de carnívoros. Você até pode continuar não se perguntando como e por que isto sempre lhe escapou, assim como da lógica da ciência que você endeusa, a quem também escapa perceber que há outros seres humanos iguais a você que têm se mantido vivos e saudáveis a despeito de nunca ingerirem carne. Mas você não pode mais deixar de reparar que hoje há muitas pessoas que se recusam a comer carne mesmo que acreditassem nestes pressupostos da ciência oficial que nem sempre lhe garantiram a saúde e que é incapaz de incluir em suas análises este grande número de vegetarianos que existem no oriente, saudáveis há muitas gerações. Você pode não se perguntar do porquê desta ciência se esquecer destas pessoas que têm os mesmos cromossomos que os demais humanos e que se mantêm saudáveis a despeito de algumas prerrogativas e pressupostos científicos, mas saiba que a despeito de você não conseguir se aperceber disto, seus netos vão se tornar vegetarianos.
Tudo bem, você pode continuar nos ridicularizando, explicando-se com argumentos pobres como aquele enunciado que diz que “não se pode ser radical” e se este for um de seus argumentos espero sinceramente que você ao se dizer não racista, não homofóbico ou contrário a qualquer preconceito, tenha argumentos mais consistentes do que este de não ser radical! Você pode até não perceber a força do condicionamento social que é o único argumento que há por trás desta lógica que você chama de ciência ou verdade, mesmo assim as próximas gerações vão ser vegetarianas.
Tudo bem, você pode até nos achar agressivos em nosso ativismo engajado, enquanto continua com seu churrasco mal passado, apesar do médico lhe ter sugerido diminuir a carne e pode também nos achar chatos e nos atacar com aquele discurso vazio e passivo ao achar que tínhamos que cuidar de direitos humanos ou de crianças "carentes", mesmo que você não gaste um centavo de seu dinheiro ou um segundo de seu tempo para tratar algo ou alguém fora de seus interesses imediatos e pessoais. Tudo bem, você até pode ser um ativista dos direitos humanos e das causas de minorias, o que é raro entre os que nos criticam, mas você já deve ter percebido que sempre há um vegetariano a sua volta, seja na cantina no trabalho, no clube, na aula de inglês, ou naquele restaurante perto do trabalho, e que acaba comendo arroz com salada calado enquanto você e seus colegas fazem dele o assunto da refeição. Você pode até associar o vegetarianismo de seu amigo à falta de potência sexual, mesmo percebendo que é você que tem dificuldades circulatórias com sua dieta rica em carne, leite e ovos, mas você já deve ter percebido que os vegetarianos estão por todo lugar, são colegas de trabalho, artistas na TV, jornalistas, e até desportistas vitoriosos ou simplesmente a bela vizinha do apartamento ao lado.
Você pode até não ter percebido que alguma coisa mobiliza em você o fato de alguém se importar com a covardia que existe em subjugar um animal indefeso e conseguir abster-se de colaborar com esta crueldade na alimentação, no vestuário ou em outras práticas, mas você teria que se dar conta também que seus netos serão vegetarianos.
Você até pode achar um absurdo o fato de que as vacas que você come contribuem com o fim da Amazônia e com o aquecimento terrestre, mas muito em breve pessoas como você serão em menor número do que os que se importam com a poluição na Amazônia e dos que pedem um comércio ético, sem a exploração animal.
Você pode até acreditar no que dizem alguns produtores de carne quando dizem que a carne de porco faz bem à saúde ao defenderem seus interesses comerciais ou que o abate é indolor e que não há sofrimento do animal na produção de carne ou de galinha e mesmo na “inocente” produção de laticínios. Mesmo que você acredite nisto tudo, saiba que os vegetarianos vão ser maioria nas futuras gerações.
Saiba que, mesmo que demore um pouco, os rodeios vão acabar e serão lembrados como as arenas no Coliseu da Roma Antiga, porque aqueles que estarão envolvidos nas emissoras de TV não vão mais investir em espetáculos com animais. Mesmo que estes sejam os últimos redutos a serem ocupados por vegetarianos, dia chegará que lá estaremos em coletividade e não mais esparsos aqui e ali. Estaremos na TV, no Ministério Público, nos governos, no Supremo, na educação e em todos os espaços. Muitos serão os vegetarianos e o sistema de justiça também não permitirá mais que se maltrate animais, como JÁ prega a lei, e nem mesmo para consumo, e à sua volta cada vez mais vegetarianos ganharão espaços e voz até que será muito difícil matar para comer. Os grandes proprietários de terra gerarão filhos e netos vegetarianos, bem como os senadores e deputados e até o presidente e mesmo a elite política ou econômica será constituída por uma maioria vegetariana muito mais breve do que você pensa enquanto gasta seu tempo nos criticando e até ridicularizando.
Mesmo que você tenha ganhos diretos com o consumo ou abate animal, você pode imaginar que sua atividade está com os dias contados, porque no futuro muitos serão os que farão oposição a isto e mesmo você terá que mudar de atividade como aconteceu no passado com algumas funções e produtos que se tornaram obsoletos.Se você prestar atenção verá que isto já está acontecendo e há muitos que têm boicotado à violência do comércio que envolve a exploração animal e os empresários mais espertos têm tirado bom proveito disto.
E saiba que seus netos serão vegetarianos, seus bisnetos veganos e o consumo de carne para eles será uma ofensa.
Seus netos nem precisarão se preocupar com os produtos que poderão consumir nos supermercados, porque estará indicado nas embalagens se aquela matéria prima deu origem a algum tipo de sacrifício ou sofrimento animal. Também não existirão mais produtos testados em animais ou contendo matéria prima de origem animal, porque está se formando a cultura que sucederá a esta que permite ainda maus tratos e exploração animal. E nesta cultura que estamos criando não há lugar para uma idéia de que o universo existe para os humanos , mas estamos disseminando a idéia de que todos os animais devem ser respeitados por eles próprios ou por seu valor inerente. Esta será a filosofia que silenciosamente será adotada por seus netos e bisnetos como hoje é ainda o condicionamento social que não lhe permite ver a crueldade que corrobora com a violência para com animais indefesos que você permite que sejam abatidos para consumir.
E o comércio que nos respeita mais do que os políticos, porque querem atender nosso desejo de consumo, terá criado tantas coisas para serem consumidas substituindo o tradicional comércio da crueldade para com os animais, que mesmo estes antigos anti-vegetarianos acabarão por se render aos sabores novos que darão conta de todas as necessidades deste novo mercado.
Hoje somos poucos e você se permite uma piada aqui, um crítica indignada ali, como se a gente estivesse lhe usurpando alguma coisa.
Talvez sejamos mesmo espelhos onde muitos se veem mais feios, mesmo que nossa crítica seja silenciosa e se dê apenas no boicote. Talvez nosso gesto contrário à violência que existe no consumo de produtos que envolvem animais lhe incomode, porque de alguma forma você reconhece um pouco do sangue dos inocentes em suas mãos.
Mas você não poderá seguir com seu bullying e críticas por muito tempo, porque amanhã seremos seu chefe, o juiz que dá a sentença , a "autoridade competente" em todos os lugares, como já somos seus colegas, e muitos já somos seus filhos e no futuro seremos a maioria. Seremos seus netos, os colegas de seus filhos, o filho do político e do grande empresário e estaremos por todo o lado.
Porque você insiste no velho mercado desgastado que só se ocupa de imitar os concorrentes sem mostrar nada novo neste consumo que ratifica a violência? Porque usar o couro se pode ser sintético ou vegetal? Por quanto tempo você acha que o comércio do couro que polui e advém do sacrifício de animais irá se manter?
O que você está fazendo que ainda não produziu um sapato sem couro, ou um doce sem ovos ou leite para ser consumido por vegetarianos e não vegetarianos? Por que você não gasta seu tempo criando produtos e serviços que poderiam lhe render muitos lucros se dirigidos a este público que não aceita a exploração animal ?
Porque você não faz calçados e acessórios para estes que querem consumir sem violência? Porque não fazer cosméticos sem testes ou matéria prima sem nada de origem animal?
Por quanto tempo você acha que manterá sua escola sem a crítica contundente da sociedade que condena a violência contra os animais? Por quanto tempo você acha que poderá promover o abate de animais para ensinar futuros médicos, dentistas ou veterinários a prática da medicina sem atrair para si a crítica ou mesmo o prejuízo financeiro? Saiba que a medicina veterinária do futuro terá um único e somente objetivo, atender os animais e somente os animais!
E você político, por quanto tempo você acha que vai conseguir se manter no congresso somente com o voto dos pecuaristas?
Por quanto tempo você acha que vai conseguir se manter no poder aprovando leis que provocam ou ratificam o sofrimento de animais inocentes?
Nós somos muito mais articulados, muito mais politizados do que os que apostam na ordem estabelecida que não lhe garante nem a saúde!
Não adianta revogar leis anti-caça, porque estamos de olhos bem abertos e sabemos quem está ali aprovando o sofrimento animal. Para nós religião não autoriza a matar, e o mesmo dizer do “esporte”, e sabemos cada um que tem compactuado com a violência e a exploração animal. Sabemos quanto tempo aquele político ficou com o projeto anti-caça engavetado ou aquele outro que acabava com o confinamento dos animais nos circos sem encaminhar para ser votado. Sabemos de cada voto que têm aprovado a violência, o sofrimento e a escravidão animal. Sabemos o quanto você tem se esquivado de impedir que cavalos morram de exaustão e até de fome para carregar fardos até caírem pelas ruas sem que você, prefeito, autoridade, faça alguma coisa que só você poderia fazer !
Sabemos de sua negligência e de sua disfarçada neutralidade ao favorecer aqueles que maltratam animais.
Não adianta mais lutar contra a realidade, ela está se modificando a sua volta e quanto mais você lutar, mais você vai se sentir inadequado moralmente ao se espelhar em nossa luta contra a covardia. Por quanto tempo ainda você vai resistir e insistir nesta ordem velha que nem vai mais lhe garantir os mesmo lucros de antes?
Também queremos consumir, mas queremos a transparência e nada de crueldade.
O tempo está mais acelerado e lembre-se, seus netos serão vegetarianos e você não pode esperar a falência, o fracasso ou simplesmente a inércia decadente que não lhe garantirá mais o salário, o lucro ou a popularidade.
O adultério não é mais crime, bater em crianças não é mais uma prerrogativa dos pais e pode levar à prisão. O mesmo está acontecendo com a cultura mais arraigada que naturaliza a violência com os animais.
Mesmo que você ache ridículo não comer carne, seus netos serão vegetarianos e terão mesmo dificuldade de comer ao seu lado, porque saberão o que significa aquele pedaço de carne no seu prato.
É só isto que eu queria lhe dizer. Assim como hoje seu vizinho é vegetariano, ou alguns de seus colegas, muito breve seus netos serão vegetarianos e não vão nem conseguir se sentar à mesa para comer ao seu lado!
Porto Alegre, 8 de abril de 2008.
Eliane Carmanim Lima
Nota:Aqui eu uso a palavra animal na forma usada pelo senso comum, mas deveria ser usada “outros animais”.
Também usei "genericamente" a palavra vegetariano, mas muitas vezes cabe também a palavra vegano.
Nota: ESTE TEXTO SE APLICA NÃO SOMENTE AO USOS "ALIMENTARES" DOS ANIMAIS, MAS A TODOS AS PRÁTICAS HUMANAS OU SOCIAIS QUE FAZEMOS DOS ANIMAIS : EM TESTES PARA PRODUTOS, EM ESPORTES, EM RELIGIÕES, EM TRANSPORTE, VESTIMENTAS, "RECREAÇÃO", LUCROS PARA PESSOAS OU GRUPOS, ETC. Também somos ridicularizados por nos recusarmos a usar animais nestas situações.
(Veja notas abaixo.)